Poesias
Boi Bamba (Boi Bumbá)
Vou avante, sigo em frente
Sou representante
desse povo irreverente
Que anda na corda bamba
Sou o Boi Bamba, acorda gente!
Um Boi Ecologista, equilibrista
na defesa da natureza
Verde até em baixo d;água, artista
Prá me garantir,
já até fiquei foi
no boi Garantido
Sangue quente,
índio, vermelho, minha tribo
Brasileiro esperto sou sabido,
Uma mistura de tanta gente
Sou diferente no ritmo dessa toada
Que mais me lembra um samba
No som do bumbo, vou na fé
Sou um Boi Bamba, Sou um Boi Bumbá.
(Milton Aguiar)
“Rap das Águas"
(Solte seu grito que ressoe num eco-eco-eco-lógico)
Vem da Floresta o Senhor Eco,
com o seu grito de alerta, e aqui,
o nosso grito de protesto.
Será que ninguém vê,
que esse rap é uma piada,
que o petróleo ta acabando,
a água doce se esgotando,
tá vazando pelo cano,
na maior barca furada.
O Planeta tá secando,
o Planeta tá com sede,
de língua cansada.
O Planeta Pé-de-Água,
água alimenta, é condutor,
combustível da vida,
tá faltando mais amor pro motor,
que já ta pela reserva,
no final do estoque,
ouça bem esta batida,
ouça bem este meu toque,
de quem canta
os seus males espanta
e as suas mágoas
e este, é o Rap das Águas.
(Milton Aguiar)
Rap do Tomacate
Ainda perco a timidez,
de um Pé de Alface, quase nasço Espinafre,
que confuson! nasço,apareço, enton!
mistura do Tomate com o Abacate,
meu nome é Tomacate,
Bichinho Virtual Japonês.
Um, dois, ainda perco a timidez, saio da casca do Arroz,
um dia amadureço , eu vou ter a minha vez
e quando for nascer de novo quero ser normal,
da forma mais natural, eu arrebento, eu arrebento,
Disse o Professor Pardal para o Pinóchio,
Enorme é o nariz de quem mente,
isto não é invento que se apresente,
Ninguém é Burro nem Jumento,
Por fora bera Viora, por dentro pão bororento.
Eu não sei brincar, sou rouco por experimentar,
fórmulas invento, não tenho identidade,
gosto mesmo é de me misturar.
Genial! Soja com Abóbora, Tomate com Abacate,
Beterraba com Limon, Merancia com Meron,
Me sinto todo merado, sou um Pé de Cana, Açúcar com Mamon.
Baçã! Eu não sei brincar de Uva, Pêra, Maçã.
Ah! Como sou Raranja, sou Banana, sou é um Goiabon,
Non sei non, o que realmente sou,
Eu não sei brincar, por fim fui me misturar,
O Caju com o Caqui, Xi! Olha no que deu, foi Angu de Abacaxi.
Cínico,eu! Não, Cênico!
Sou fruto, nascimento
de um perigoso cruzamento,
um arimento transgenico.
(Milton Aguiar)
Ando com a cabeça
Ando com a cabeça
nas nuvens
e com as mágoas
fico nublado
feito chuva,
eu choro
água é tinta
que escrevo,
me lavo,
deságuo.
Meu coração quebrou
todas as correntes
com certeza
escorregou livre
pelas correntezas.
(Milton Aguiar)
A Palavra
A palavra opera,
operária em construçaõ.
Toma forma se edifica,
cria vida, voa alto.
A palavra concreta expressa,
sem o cimento frio que estático
é livre porque aquece.
A palavra planta, tem raiz,
rasga a terra, ouvidos.
A palavra é trigo,
ceifada, alimenta, é pão.
A palavra caminha por si só, vai longe,
palavras aos montes, dom das palavras.
Poeta da onde as tira?
para enfeitar a tua amada.
Palavra com movimentos,
palavrão, vala, vulcão,
que acende no seio quente dela,
que vem das tuas bocas,
lábios, vagina que me chama.
Na palavra com o meu próprio espelho eu me vejo.
A palavra viagem é de inumeras imagens,
cada qual com suas doses.
Da nova palavra que crio,
piro palavras, piro poesias.
A palavra daninha que corrói o papel e a alma.
A puta palavra prostituta,
palavra bruta que se prolifera,
surda social, executa.
A palavra repressão, espanca, arranca,
dilacera, acelera, tampa o veio da água viva, vida.
A palavra corrupta, ditadura, a palavra luta,
palavra que excita, incita, real,
A palavra destemida, a palavra fere, é fera,
A palavra entupida, sem gás nem gasolina.
A palavra bomba atômica,
detona todas as silabas tonûs,
das entranhas do nosso cranio.
A palavra poder poda é foda,
A palavra poe a prova
pau e pedra no seu juizo mexe,
faca afiada fatal.
(Milton Aguiar)
Consumo
Consumo!
Assumo?
Viro suco,
ou sumo!
Acúmulo,
o cumulo,
o máximo
do supra sumo.
(Milton Aguiar)
Paulete Brasil (Viúva do Pau Brasil)
“Esse Brasil que ainda vive dando pau”
Para fazer essa cena, passo mal,me sinto toda emocionada, sou passional. também pudera, logo eu, fui escolhida
para homenageá-lo, fazer mais esse difícil papel, de que adianta agora que ele já foi pro saco, pro beleléu.
Não! Não! Não! Eu não quero palmas, exijo respeito,
quero os meus direitos, exijo minha indenização,
Nós que fomos tão podados, cortaram nossas raízes, a alma e o coração. majestoso, vive politicamente criticado na boca do povo, intensamente explorado, mas generoso, esse Brasil que ainda vive dando pau, que gerou imensa riqueza ao reino de Portugal.
Ele que ainda respira, vive na nossa memória, responsável por escrever a nossa história, poeta de muita sensibilidade, um gênio gostava era de viver no mato, companheiro adjunto, junto das florestas densas, tranqüilo e calmo, não sentia nenhum afã, não era fã, não se identificava com cidades, tinha o maior gás, era cheio de oxigênio.
Se estivesse vivo, no nosso meio, na pátria, no nosso seio,
Contribuiria contra o aquecimento global,
O que agora! como tanto faz, como tanto fez.
Pau- Brasil, quantas saudades você me traz.
Pau-Brasil, pra toda obra, o que restou de você foi uma pequena sobra, pai dessa nação obra mais que grandiosa.
Eu o amei profundamente, o conheci e bem sei que
Aquilo é que poderia ser chamado de madeira de lei.
Bom de bico, ele era todo cheio de verso e prosa,
Que mãos habilidosas, me tocava como se toca um violino,
Com o verdadeiro romantismo de um menino,
Eu me entregava, nos seus arcos, nos seus braços,
Nos seus abraços, galhos, cipós, laços.
Me destes foi um grande filho, o “Brasil,
Fostes você que originou o nome do nosso país.
Meu principal parceiro, como é que eu fico sem este meu artista multiarte, figurinista, que como ninguém tingia tecidos, assim também vou acabar sendo extinta,
Sem essa sua veia criativa, o seu sangue, a brasileína, a sua tinta de escrever, meu roteirista.
(Milton Aguiar)
Agora
Agora
a guerra
é a da água
estão liquidando
o liquido
T-iradas: Milton Aguiar